sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Frio

Faz frio por aqui...
E o frio, não sei por que sempre me faz lembrar de maneira triste e suave, de pessoas e coisas distantes ou até mesmo próximas.
Quando ele chega, a primeira coisa que diz é: saudade. Mas, ainda não sei que saudade é essa...
Às vezes, ele me pega desprevenida e eu não compreendo o meu comportamento. Ou então, quando vejo que a previsão do tempo é de dia chuvoso, ou céu parcialmente nublado, penso logo: hoje é dia... Dia de sentir saudade.
E o frio, não sei o seu, mas o meu suplica por um bom filme, uma boa música, fotografias antigas, telefonemas tão esperados ou desesperados, café, biscoitinho de nata e, acima de tudo: uma boa companhia. Seja ela para assistir, ouvir, ver, falar, beber, comer... Companhia mesmo, não precisa fazer tudo isso, basta respirar. O fato de saber que ela se faz presente, já satisfaz; passa segurança.
É como uma criança que acabou de tirar as rodinhas da bicicleta: ela não dispensa a companhia do pai ao lado dela, porque ela, alguma coisa dentro dela, ainda diz que não é a hora de se afastar, que não é aquele o momento.
Frio, saudade, companhia...Qual será a linha tênue entre eles?
Ah! Já ia esquecendo... No frio, as pessoas ficam sempre mais bonitas. Elas se vestem bem. Ficam mais elegantes.
Já reparou?

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Tempo do Ronca

O meu gosto musical é desse tempo, do Ronca.
Às vezes, eu até me acho um tanto bizarra por ter gostos tão diferentes, que fogem do tradicional, sabe?
Quando eu digo que as músicas são desse tempo, quase da Era Medieval, eu não estou brincando!
É de Adrian Gurvitz à Spandau Ballet!
Mas, quem disser que as melhores músicas - não só por produzirem sons intensos - são as de 20/30 anos atrás, ou até mais, eu assino embaixo.
Não é à-toa que eu ouço JB Fm, Antena 1...Entre outras rádios.
Eu sempre tive um gosto musical bem distinto. E o mais engraçado é que eu não cresci ouvindo esse tipo de música.
Passei a gostar com o tempo... Conforme eu fui amadurecendo.
E não é só pela "música antiga", que eu tenho enorme apreço, e sim, pelas coisas "outonecidas"(neologismo é legal, né? haha), de um modo geral. Adoro construções antigas, pois além de terem um charme sem igual, sempre há histórias tão encantadoras por trás delas.
Ah! Também têm as "pessoas antigas"... Quem não gosta de bater um bom papo com gente assim? É bom! Adoro quando elas falam:"- Na minha época, ..."
Eu me sinto tão jovem e, ao mesmo tempo, tão senhora por conseguir, às vezes, através desses relatos, penetrar no "mundo avelhentado".

Quem vive de passado é museu? Nem sempre. O passado tem lá suas desavenças, mas sem ele, seria quase que impossível entender um pouco desse nosso Mundo Contemporâneo, dessa veloz "roda-gigante" em transformação.
As músicas, pessoas, poesias, contos, filmes do Ronca, nos ajudam a entender bastante essa loucura cotidiana, através de suas mensagens subliminares inerentes, que carregam.

Agora, estou aqui pensando em uma coisa totalmente contraditória de tudo isso aí em cima: sabe o Fusca? Não gosto dele...

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Filhos da imprudência

Não imaginava que era assim, tão simples; sem amor.
Eu não nasci da barriga da minha mãe, propriamente dita. Hã? Como assim? É, sou filha adotiva.
Nunca tive problema algum quanto a esse assunto. Desde bem pequenina, minha mãe dizia que eu era filha do coração e meus dois irmãos, da barriga. Cresci com essa idéia até os 3 anos, quando resolvi perguntar aos meus pais o real significado de tudo isso. Achei tão legal a ponto de contar pra diretora da minha escola.
E depois, aproximadamente com 10 anos, entendi verdadeiramente o que era. E passei a dar muito mais valor a meus pais, porque eu sabia que não era fruto de mais uma gravidez indesejada - como é o caso de inúmeras crianças - e sim, de muito, mas muito desejada.
Também nunca tive problemas com minha mãe biológica, não a conheço e minha mãe adotiva, nunca falou muito sobre ela, apenas que a biológica não tinha condições e por isso, me entregou para adoção.
Bom, até ontem, eu não tinha problema algum com esse assunto, até que hoje, junto a uma amiga que está disposta a adotar mais uma criança, fui visitar uma mulher que está grávida, e assim que a criança nascer, será entregue para adoção.
Nunca tinha visto isso assim, tão de perto... E fiquei assustada com a reação da mulher, com a incapacidade de sentir e demonstrar qualquer tipo de afeto pela criança.
E eu não sabia se sentia raiva, pena, ou até mesmo compreensão, por saber que ela não era egoísta, a ponto de deixar a criança morrer por maus tratos ou outras coisas.
Mas, meus pensamentos eram totalmente contraditórios a todo instante.
Porque eu me perguntava: " se ela sabe que não tem condição, seja ela física, psicológica e, principalmente, financeira para cuidar de uma criança, por que engravidar? Por que colocar mais um inocente nesse mundo sem regras, onde todos querem devorar o próximo?"
Então, comecei a me sentir totalmente contra a adoção; de ver que ninguém é obrigado a cuidar do filho de pais irresponsáveis. Mas, ao mesmo tempo, fiquei feliz e me senti totalmente privilegiada por ter pais tão bons, capazes de assumir uma irresponsabilidade alheia.

[...]

E aqui estou eu, tentando achar alguma resposta para o motivo do sorriso de uma mãe que está prestes a se livrar de um peso, literalmente.