segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

C.F.A.

Em não me lembro qual o mês, eu comecei a fazer teatro na UFF, com o professor Cadu Fernandes, ótimo, por sinal.
Adorava as aulas de expressão corporal. Pra falar a verdade, eu não sabia que podia fazer tanta coisa bizarra com o corpo. Ah! E com a "cara" também. Era cada coisa que eu tinha de fazer...
Quem assiste uma aula de expressão corporal, já manda logo: o que significa isso? será que ele(a) está à beira de ter um ataque epilético? É muito estranho, mesmo.
Mas é bom...era um meio que eu usava, todos os sábados pela manhã, de me libertar.
Adorava correr pelo palco...
Enfim, nem era disso que queria falar. Mas, felizmente ou não, tive de dar uma pequena introdução pro texto não ficar mais sem nexo do que o normal.
Então, em uma dessas aulas, o professor pediu para cada um levar um objeto pessoal, qualquer um. Em troca, ele levaria trechos de autores conhecidos, que seriam distribuídos para cada aluno.
Com isso, tínhamos que interpretar o trecho que nos foi dado, usando aquele tal objeto pessoal, sacou?
Pois então, eu fiquei com um trecho de "Passagens das Horas - Fernando Pessoa". Eu tinha levado um porta-jóias e, por incrível que pareça, o trecho caiu como uma luva para o o meu objeto.
Enquanto cada um ia recitando e interpretando seu trecho no centro da roda, um me chamou a atenção.
Quando a aula acabou, corri pra perguntar a Mariana de quem era o tal trecho, porque eu tinha adorado.
Era dele, do Caio Fernando Abreu.
A partir daí, procurei tudo sobre o "cara"; todos os seus livros; todos os seus contos.
E recomendo pra qualquer pessoa.
O Caio não é daquele tipo meloso, sabe? É um pouco dramático, admito. Ele é direto. Grosso, às vezes.
Inclusive, a "descrição do blog", é uma citação dele. " Você não vai encontrar caminho nenhum fora de você. E você sabe disso. O caminho é in, não off".

Bom, pra quem ficou curioso pelo texto que me deixou apaixonada pelo Caio, lá vai: "Chorar por tudo que se perdeu, por tudo que apenas ameaçou e não chegou a ser, pelo que perdi de mim, pelo ontem morto, pelo hoje sujo, pelo amanhã que não existe, pelo muito que amei e não me amaram, pelo que tentei ser correto e não foram comigo. Meu coração sangra com uma dor que não consigo comunicar a ninguém, recuso todos os toques e ignoro todas tentativas de aproximação. Tenho vergonha de gritar que esta dor é só minha, de pedir que me deixem em paz e só com ela, como um cão com seu osso. A única magia que existe é estarmos vivos e não entendermos nada disso. A única magia que existe é a nossa incompreensão".

Quem quiser me presentar neste Natal, um livro do Caio é sempre muito bem-vindo! Fica a dica! hahaha

4 comentários:

Amanda Hora disse...

Adorei!

Sergio Brandão disse...

Ainda não conheço nada do Caio Fernando Abreu, mas este texto que vc destacou realmente sugere que ele seja um daqueles caras iluminados, espalhados por aí pela intelectualidade... FELIZ NATAL!!! Bjsss.

Suellen Analia disse...

Oi, Sergio!
E é sim, pode acreditar!

Beijão e Feliz Natal!

Adriana disse...

tb não li muito do Caio. mas vou catar...
beijocas!